Continuação
do post anterior.
Marcos:
O Evangelho do Servo de Deus.
O
Evangelho de Marcos ressalta o ministério dinâmico e ativo de
Jesus. Guiado pelo Espírito Santo, Marcos mostrou como Cristo
cumpriu a sua missão na qualidade de servo obediente e diligente de
Deus. Ao considerarmos o Evangelho que Marcos escreveu, examinaremos
sua identidade, como autor do mesmo. Também verificaremos o conteúdo
do livro, sua ênfase e suas características especiais.
Autor.
Há um consenso geral entre os estudiosos do Novo Testamento, de que
o autor do Evangelho de Marcos foi João Marcos, o jovem que foi em
companhia de Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária deles.
(Veja em Atos 12.12: “Considerando
ele a sua situação, resolveu ir à casa de Maria, mãe de João,
cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam”
- RA).
Marcos era parente de Barnabé (Veja Colossences 4.10: “Saúda-vos
Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre
quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o” -
RA),
e associado chegado do apóstolo Pedro (Veja 1 Pedro 5.13: “
Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda,
como igualmente meu filho Marcos” - RA),
onde
Pedro chama Marcos de “filho” – um título dado como prova de
afeto. De fato é bem provável que o Evangelho de Marcos exponha o
relato de Pedro como testemunha ocular, pois Marcos estava bem
familiarizado com a vida e a pregação de Pedro. O próprio Marcos
pode ter estado presente em algumas das ocorrências que ele
descreveu.
Ênfase.
O relato de Marcos sobre Jesus Cristo salienta a vida e as atividades
de Jesus, como o Filho de Deus (Veja Marcos 1.1: “Princípio
do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” - RA).
Assim sendo, exercia forte atração sobre a mente romana, com seu
interesse pelo lado prático da vida. Contrastando com Mateus e
Lucas, para exemplificar, Marcos não apresenta a genealogia de
Cristo. Isso se coaduna com o interesse de Marcos pela vida de
serviços de Jesus, pois a história da família de um servo não é
importante. A ênfase de Marcos é indicada de outras maneiras,
igualmente. O Evangelho de Lucas tem quase o dobro do volume do de
Marcos. No entanto, Lucas narra vinte milagres, ao passo que Marcos
narra dezoito milagres em pouco mais da metade do espaço. Apesar de
que Marcos narrou muitos dos ensinamentos de Jesus, com freqüência
ele simplesmente referiu-se ao fato de que Jesus ensinou (Veja os
versículos 2.13; 6.2,6,34 e 12.35 como exemplos disso).
Marcos
também ressaltou o fato de que Cristo realizou a Sua missão com
zelo e propósito. Por muitas vezes Ele viu-se cercado por grandes
multidões, a cujas necessidades Ele ministrava (Veja os versículos
3.7-12,20,21: 4.1,2; 5.21-34; 6.30-44, 53-56 e 8.1-13). O vocábulo
grego euthus,
traduzido
por expressões como “imediatamente”,
etc.,
aparece por quarenta e duas vezes nas páginas do Evangelho de Marcos
(esse vocábulo só aparece por sete vezes no Evangelho de Mateus e
por uma vez em Lucas). Essa expressão é usada por quatorze vezes
acerca das próprias ações de Jesus, servindo de indicação da
prontidão e espontaneidade com que Ele servia. O uso que Marcos fez
desse vocábulo em diversos lugares, em sua narrativa, também
demonstra o fato de que Cristo se apressava para chegar ao alvo de
Sua vida de serviço. Disse Jesus aos Seus discípulos que “…
o Filho de Homem também não veio para ser servido, mas para servir
e dar a Sua vida em resgate de muitos”
(10.45). O Evangelho de Marcos é menos longo que os Evangelhos de
Mateus e de Lucas e não inclui um registro detalhado da história da
família de Jesus.
Um
estilo vívido e vigoroso.
Com freqüência, Marcos descreve eventos passados como se estivessem
acontecendo no momento em que ele escrevia acerca dos mesmos. Para
tanto ele usava uma forma verbal chamada “presente histórico”.
Essa forma poderia ser representada em português por uma forma
verbal presente com eu
vejo, tu andas, ele fala. No
entanto, para a maioria dos leitores da língua portuguesa, isso
pareceria incomum e estranho, sendo que o sentido é obviamente
passado. Por essa razão, o presente histórico do grego usualmente é
representado, na maioria das traduções, pelo passado simples, como
eu
vi, tu andaste, ele falou.
Notemos
que os dois verbos que foram utilizados por nós, verbos esses que
aparecem em Marcos 4.38, na nossa versão em português: “E
Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertam
e lhe dizem: Mestre, não te importa que pereçamos?”
Em outras versões, não só em português, mas em outros idiomas,
esses dois verbos aparecem no passado simples, “despertaram” e
“disseram”. Mas você pode perceber que o presente histórico que
aqui é referido na nossa versão portuguesa, torna a narrativa mais
vívida. Marcos utilizou esse recurso da gramática grega por mais de
cento e cinqüenta vezes.
Outras
características do estilo de Marcos também aumentam o realismo e o
drama de sua narrativa. Ele usava muitas frases que fornecem detalhes
vívidos e descritivos.
Continua
no próximo post.
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